"Cada um tem a idade do seu coração, da sua experiência, da sua fé." George Sand
Fez ontem. Noventa. A minha tia envelheceu aos vinte e poucos anos, perdeu um filho. Nunca vi a minha tia sorrir. Rir. Ou gargalhar. A minha tia tem uns olhos muito bonitos, mas nunca os vi a brilhar. A minha tia não tem medo da morte, disse-mo hoje a chorar. A minha tia diz que já está cá há tempo a mais. A minha tia tem os melhores abraços que eu posso receber. Porque são sinceros e do coração. A minha tia tem uma tasca. Ainda daquelas de madeira com pevides no chão. E bancos corridos. Tortos. Pelo tempo. A minha tia é pequenina e tão grande. "Oh minha Filipa vive bem a tua vida, e vive com o teu coração." E eu que estava a descascar uma cebola. Chorei.